sábado, 29 de novembro de 2008

Seminário

Teologia e tradição dialogam em seminário promovido pelo Egbé
Afro-religiosos de todo o Estado participaram do encontro

Por Vanessa Efunpàdé - jornalista e membro do Egbé*


“O Orixá é um promotor de saúde, porque o corpo é o altar sagrado do Orixá. Quem não pratica atitudes saudáveis está agredindo o sagrado. Portanto, o conceito de saúde para a religião de matriz africana é muito mais ampliado, mais abrangente, pois não somos um conjunto de peças, mas uma coletividade. O ser humano faz parte de um todo. Temos que despertar as pessoas para uma qualidade de vida que o terreiro pode tranquilamente proporcionar, devido a este conceito de saúde integral”. Esta é uma das reflexões trazidas pelo Babalorixá Dyba de Iyemanjá, sacerdote do Ilê Axé Omi Olodô e Coordenador Estadual da Rede Nacional de Religiões Afro- Brasileiras e Saúde, que apresentou a palestra "Os Terreiros como espaço de saúde", na mesa “Batuque e Saúde”, do Seminário Estadual de Estudos das Religiões de Matriz Africana – Construindo Saberes: a Religião Afro-Gaúcha. O evento, promovido pela ONG Egbé Òrun-Àiyé/RS neste sábado, dia 22, reuniu sacerdotes e sacerdotisas, jovens iniciados, integrantes do Movimento Negro e universitários para discutir saúde, educação e pós-morte na religião afro-brasileira sob o ponto de vista da Teologia e Filosofia de Matriz Africana.

A Omorixá Míriam Oloriobá Alves, doutoranda em Psicologia Social pela PUCRS, integrou o debate através da palestra “O terreiro de matriz africana como espaço de produção de saúde mental”. Para Oloriobá, o espaço do terreiro possibilita que as pessoas sejam sensibilizadas para uma relação mais humana, pois é um local de acolhimento, de trocas. “Não existe a possibilidade de uma pessoa sair de um terreiro sem qualquer assistência. Sempre se oferece algo, nem que seja uma conversa, um abraço”, lembrou ela. “Esta relação mais humana, mas próxima, é que muitas vezes falta no sistema de saúde”. A pesquisadora, que realizou seu trabalho numa comunidade-terreiro, destaca que os religiosos de matriz africana concebem a saúde numa dimensão física e espiritual, o que é ignorado pelo Sistema Único de Saúde.


Discriminação na escola e formas de enfrentamento

Mas não é apenas no SUS que a população afro-religiosa não está contemplada e compreendida. Na escola, assim como nos demais espaços públicos, embora o Estado brasileiro seja laico, o que se sobressai é religião do poder dominante, ou seja, a cristã. É o que conclui a doutora em História, coordenadora do GT Negros e do Grupo Africanidades, Ideologias e Cotidiano do Programa de Pós-Graduação em História da PUCRS Prof. Lúcia Regina Brito Pereira. Ela analisou as relações entre professores e alunos nos espaços escolares e percebeu, por exemplo, que o Ensino Religioso tem um viés europocêntrico, reflexo do preconceito racial. “O professor é um formador de opinião e tem o papel de desmistificar estes preconceitos. Ele é parte fundamental na implementação da Lei 10.639/03 (alterada em 2008 para Lei 11.645/08), que inclui o ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena nos currículos escolares”. Lúcia propõe que as escolas busquem apoio nos movimentos sociais para a efetivação da Lei, trazendo para as salas de aula a importância da religião para a comunidade negra, a perseguição histórica desta população, o papel histórico da mulher negra na religião, a forma de organização social das religiões de matriz africana, entre outras contribuições.

“Se a escola não está cumprindo o seu papel, não podemos ficar esperando pelo governo”. Pensando assim, a ONG Africanamente deu seu exemplo de transformação social por meio do projeto Ori Inu Erê, desenvolvido na comunidade-terreiro Ilê Axé Omi Olodô, em Porto Alegre. O projeto, que está no seu terceiro ano, foi apresentado pelo educador popular e Babáegbé do terreiro, Mário Sangó Obafemi da Rosa. A iniciativa foi pensada como uma estratégia de reação aos ataques das igrejas neopentecostais. “Na época, estas igrejas mostravam na TV programas que associavam a religião afro-brasileira ao demônio. Mãos negras manipulavam elementos considerados ‘do mal’. Isto teve um impacto muito negativo nas crianças da comunidade, que passaram a questionar as práticas religiosas de suas famílias”, disse ele. Através dos pressupostos da cosmovisão africana, o projeto pedagógico buscou desconstruir o racismo e formar uma consciência positiva, através da valorização da cultura negra e do papel do negro na sociedade. Um dos resultados deste trabalho foi o nível de repetência, que chegou a quase zero. Este ano, o Africanamente lançou o caderno pedagógico do projeto, para ajudar outros terreiros a multiplicar a idéia.

A morte na teologia africana

Em sua fala, o Babalorixá Dyba de Iyemanjá lembrou um episódio em que ele e os integrantes de seu terreiro foram proibidos de realizar um rito funerário africano nas dependências de um crematório ecumênico. “Como vice-presidente da Congregação em Defesa das Religiões Afro-brasileiras conheço meus direitos e realizamos nosso ritual”, disse. Situações como esta são freqüentes entre os religiosos africanistas, mas poderiam ser evitadas. Para isso é necessário que a teologia acerca da morte seja melhor compreendida entre seus próprios iniciados. Com este propósito, o professor Hendrix de Orumilaia, omorixá do Ilê Oxum Docô e coordenador do Egbé Orun-Àiyé/RS apresentou a conferência “O pós-morte nas Religiões de Matriz Africana", falando sobre o conceito de morte, de Egun e de seu destino após o falecimento do corpo, os nove espaços do Òrun, a reencarnação, e algumas implicações destes conceitos nos dias atuais, como a doação de órgãos e de sangue, aborto, cremação, pesquisas com células-tronco, entre outros. “Está na hora dos africanistas discutirem estes assuntos à luz da teologia africana e tomar algumas decisões. Podemos doar órgãos? Esta é uma resposta que precisamos construir ainda”, ressaltou ele.

O culto de Egungun, entidade representativa nos Eguns na cultura africana, surgiu também no vídeo "Atlântico Negro: Na Rota dos Orixás", de Renato Barbieri, apresentado e debatido no evento. O documentário mostra o continuum africano no Brasil, preservado fundamentalmente pelos terreiros em todo o Brasil. As discussões destacaram a importância dos africanos na formação e desenvolvimento da sociedade e da economia brasileira. “Sempre se fala da cultura, da música, da dança, do futebol, mas o negro trouxe muito mais do que isso. Foi ele quem trouxe a tecnologia e a experiência na criação do gado extensivo, na agricultura, na mineralogia. Eles eram experts em várias áreas estratégicas para o Brasil e por isso que foram trazidos para cá, não os europeus, como dizem os livros”, denunciou Gilmar de Ogun, omorixá e membro do Egbé Òrun-Àiyé.



Café Cultural - roda de samba!
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*A reprodução é autorizada desde que citada a fonte.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Marco Histórico



Marco da história mundial


E no dia 4 de novembro de 2008 foi escrita mais uma memorável página da história mundial, num dos países considerados um dos líderes da economia mundial e com uma visão social bem separatista entre negros e brancos, foi escolhido umas das pessoas mais importante do mundo. Barack Hussein Obama II, mais conhecido por Barack Obama eleito o 44° presidente dos Estados Unidos da América o primeiro afro-americano a ser eleito presidente estadunidense.Graduado em Ciências Políticas que no qual deu suporte para cursar Direito ba Universidade de Harvard, formando-se em 1991. Em sua carreira profissional, seguiu-se por inúmeras atividades até atingir o que era demonstrada no caminho do seu destino, a politica.Nos out-doors de noticias desfilam o desenrolar que foi sua campanha política, num perfil de estratagemas estranbólicos e o perfilar de sua biografia de vida, construida por inúmeros, digamos, percalços até por ser de familia constituida de brancos e negros, de religiões adversas, a separação dos seus pais ainda na sua infância, o uso de drogas na adolêscencia, vários fatores que perante a sociedade em geral é visto como não sendo uma boa escola para formação de um bom politico, ainda mais presidente de uma grande potência.Mas como a evolução dos homens mostra, prática melindrosa desse nosso grande mestre e senhor de todos os dias "Olodumaré", há uma confluência em todos o cosmos que ainda há a esperança de um dia ser como tudo começou. Partindo do propósito de haver uma igualdade de objetivos, sem distinção de cor ou credo e que a individualidade de cada um , impregnada de axé seja resignada a avançar em sua potencialidade. Este fato histórico que aconteceu no limite do século 21 nos faz refletir que alguns longos anos atrás,como era visto os nossos descedentes afros desprovidos de sua terra natal e praticamente arrancados de suas origens, sendo que muitas vezes eram comparados a verdadeiros animais, escravizados, torturados e sofrendo diversas barbaridades em suas vidas constituidas aqui no novo mundo .O fino tecido que troca o passado pelo presente nos mostra que a realidade hoje é bem diferente, a miscegenação de cores em todos os parâmetros sofreu uma modificação que até aqueles que tinham um certa psique de inferioridade, pela cor que se constituem, interrompem o seu desenvolvimento na vida social e cultural, e nesse aspecto o espelho da vida nos mostra que tudo esta mudando, seja na cultura, politica e arte. O negro está gradativamente sendo visto.
Estou até sendo meio envasivo em comentar mas uma terapia foi contemplar a vitória de Barak Obama, não enfatizando o sentido racismo, mas explorando o fato em dizer ao meu teor étnico que se esforçando e nos dirigindo com esmero atingimos o nosso inteto.
Ago a esses grandes heróis, que lutaram e estão lutando por nossos ideais!!!!
Eduardo de Òsàlá.
babalorisá do Ilè Asé Omi Orìsá
coordenador adjunto Egbe-Rs

domingo, 9 de novembro de 2008

Seminário Estadual de Estudos das Religiões de Matriz Africana

"Construindo Saberes: a Religião Afro-Gaúcha"

Data: 22 de novembro de 2008
Horário: das 9h às 20h30
Local: Sindisprev/RS - Travessa Francisco Leonardo Truda, 40, 12º andar, Centro de Porto Alegre
Inscrições e informações: (51) 3354.7119 / 9177.1712 ou email egbeorunaiye@yahoo.com.br
Investimento: R$10,00, com obtenção de certificado.

PROGRAMAÇÃO:

9h - Inscrições

9h30min - Toque de tambores

9h50min - Abertura Oficial
Egbé/RS
Sindisprevrs

Mesa Batuque e Saúde

10h - "Os Terreiros como espaço de saúde"
Bàbá Diba de Yemojá
Coordenador Estadual da Rede Nacional de Religiões Afro- Brasileiras e Saúde; Sócio-Fundador do Cedrab, Bàbálórìsá da Comunidade Terreiro Ilé Àse Yemojá Omi Olodó

10h40min - "O terreiro de batuque como espaço de produção de saúde mental"
Míriam Oloriobá Alves
Doutoranda em Psicologia Social pela PUC/RS, omórìsá do Ilé Àse Yemojá Omi Olodo

11h20min - Debate

12h - Almoço.

Mesa Batuque e Educação

14h - "Batuque em sala de aula: perspectivas no relacionamento professor/aluno batuqueiro"
Lúcia Regina Brito Pereira
Doutora em História, Coordenadora do GT Negros, fundadora da ong Maria Mulher - Organização de Mulheres Negras, líder do Grupo Africanidades, Ideologias e Cotidiano do PPGH/PUCRS

14h40min - "Batuque que educa"
Mário Sangó Obafemi da Rosa
Educador popular, presidente do Áfricanamente, omórìsá do Ilé Àse Yemojá Omi Olodo


15h20min - Debate

16h - Café cultural com Áfricanamente

17h - Vídeo: "Atlântico Negro: Na Rota dos Orixás", documentário que mostra as afinidades culturais existentes dos dois lados do Atlântico, entre Brasil e África. Mostra quais foram as principais rotas do tráfico negreiro e destaca as grandes contribuições que os africanos incorporaram à cultura brasileira em seu período de formação. Aborda também o tema do retorno à África, empreendido por cerca de dez mil ex-escravizados que da Bahia e de Pernambuco voltaram para terras africanas em diferentes momentos do século XIX. Vários descendentes de escravizados brasileiros foram entrevistados nesse país africano, onde sobrevivem elementos da cultura brasileira do tempo do Império: na alimentação, na música, no vestuário, na religiosidade. O filme também aborda o tema das origens das religiões afro-brasileiras, trazendo para o espectador imagens surpreendentes de rituais filmados em Keto, Abomei e Uidá. O filme foi elogiado no 31º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro e participou de eventos como o Dia Nacional da Consciência Negra. Foi selecionado e exibido no Festival Internacional de Cinema de Cannes, em 1999.

17h45min - Debate

Conferência Cosmovisão Africana

18h30min - "O Pós-Morte nas Religiões de Matriz Africana"
Jayro Olorode Ogiyan Kalafor Pereira
Mestre em Teologia pelo IEPG da EST, Licenciado em Ciências Religiosas pela PUCPR; editor da Revista Africaxé, Coordenador Nacional do Egbé Òrun Àiyé e do CENARAB, omórìsá


19h30min - Debate

20h30min - Entrega dos certificados

21h - Encerramento

Organização e Execução

Realização

Apoio

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