quarta-feira, 11 de março de 2009

Os Ritos de Bori

Respectivamente uma “Obrigação” é um vínculo de energia a um terreiro que cultue santos de origem de religiões de matriz africana, é um cordão umbilical espiritual, pois o axé permanece independente da pessoa afastada ou não.Nas religiões de matriz africana, há sempre uma explicação teológica, um fundamento para os ritos a serem difundidos, mesmo sendo o ato ritualístico mais irrisório. A herança filosófica deixada pelos antigos ancestrais africanos pouco é usada nos terreiros, mais aqueles que a usam tem em mãos uma infinidade enorme de axé proporcionado principalmente pela individualidade de cada ser. Sendo que os termos, os provérbios, os itans todo esse conjunto de cultura ontológica africana realçam situações que simbolizam nosso cotidiano, e muitos servem como respostas para a vida intensa em que vivemos.Hoje há milhares de adeptos e simpatizantes que procuram um terreiro para um conforto espiritual, um local de repouso da aura, algo em se aportar e obter respostas do desconhecido. A primeira ação para aqueles que querem se veicular a uma casa de Orixá em questão de axé, com maior comprometimento após a lavação de “Ori” (cabeça) é o rito de “Bori”.Bori – ato de dar comida ao “Ori".“ Ori “é a denominação dada a “cabeça” física. Na maioria das esculturas africanas, tradicionais a cabeça é a parte mais proeminente porque, na vida real, é a parte mais vital do corpo humano, ela contém o cérebro, a morada da sabedoria e da razão. Os olhos, a luz que ilumina os passos do homem pelos labirintos da vida. Os ouvidos com os quais, o homem escuta e reage aos sons. A boca com o qual ele come e mantém o corpo e a alma juntos.

“ Ori “ é todo o axé que uma pessoa tem , e sua sede é na cabeça, é ela que realmente vem em primeiro em lugar ao mundo e abre caminho para trazer o resto do corpo, além também de ser a consciência dos principais sentidos físicos. Particularmente os Iorubas tem como crença que ao nascer, cada ser humano escolhe sua cabeça, seu “Ori”, ao modo que seu destino, assim como sua sorte e inúmeras de suas caracteristícas pessoais dependem da individualidade de cada um. As tradições revelam que, após a modelagem de cada futura pessoa por Orixalá, é convocado “Ajalá” um antigo orixá que tem como tarefa fornecer o “Ori,” cada ancestral divinizado cede as substâncias necessárias para aperfeiçoar a forma das cabeças.

Essas substâncias são denominadas “Oke iponri”, que passam a acompanhar a pessoa todo o tempo de sua existência e merecedoras de respeito e culto. Mas “Ajalá”, mesmo sendo um orixá, tem suas deficiências é esquecido e descuidado, e nem sempre as cabeças que ele faz, saem boas. O resultado é que a maioria das pessoas que escolhem por si mesma as cabeças sem recorrerem a “ Ajalá”, acabam escolhendo cabeças ruins e imprestáveis.
A interpretação para este fato “itan” refere-se ao produto final que é o homem, que terá uma tarefa árdua e bem complicada para enfrentar quando chegar a terra. Em razão disto “Olodumaré”, ordena sempre a “Orunmilá” para ensinar aos seres humanos a estabelecer o ponto de equilíbrio necessário em suas cabeças.Assim nascerem os ritos de “bori”, sempre determinados por “Orunmilá”, através dos sistemas divinatórios, sendo que um homem com uma cabeça bem feita será bem sucedido em todas as diligências da vida.No jogo de búzios é determinado o Orixá dono de seu “Ori” e os ritos iniciáticos a serem precedidos para elaboração do fundamento denominado “Bori".
O “Ori” é o elemento mais importante de cada personalidade individual, tal conceito é básico para o entendimento da filosofia de vida, pois ajuda a explicar acontecimentos que de outra maneira se mostram incompreensíveis como a morte súbita, o sofrimento e a boa sorte do homem, retirando em grande parte dos seres humanos a responsabilidade pelo seu fracasso ou sucesso, libertando-os de qualquer sentimento de culpa e desânimo. Torna-se importante para essas pessoas consultarem os oráculos de Ifá de tempos em tempos a fim de acompanhar o verdadeiro caminho de seu destino.

Eduardo de Òsàlá - Babalorisá "Ilè Asé Omi Òrìsá"
vice-coordenador - Egbe RS

fontes:"Òrun Aiyé" - José Beniste.
"Iemanjá" - Armando Vallado.
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