quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Governo Religioso

Governo Religioso
por Pai Léo de Oxala
Toy Vodunon do Kwe Jeje-Nagô - Ilê Oxalá Segbo, Coordenador de Projetos do Egbé Òrun Àiyé- RS.





Com o advento da compra do Asè, pagando uma pequena fortuna se tornou comum o dito governo, indivíduos alegam que seu Orixá pediu governo ou que já ganhou ($$$) o axé de governo do Pai ou Mãe de Santo, bem mas há mais coisas por de trás destas justificativas, o governo para esses indivíduos significa, ter o absoluto controle sobre tudo que acontece em seu Ile e seus atos como Religioso. Mas por que acontece isso? Por que ninguém mais quer dar satisfação de seus atos a ninguém, todos querem ser Pais e Mães de santo e ter o seu Governo e com isso autonomia total em seu Ile, ninguém quer ser filho de santo e passar por anos de aprendizado como deveria ser, antes de se aprontar e ter o titulo de Babablorixá ou Yalorixá, muitos esquecem que ninguém se faz sozinho e que ser um sacerdote significa aprendizado constante, aprendizado esse que o Baba ou Yia devem passar, o individuo que não passou pelo tempo de aprendizado, certamente não tem o devido conhecimento e ai estão... muitos Babas e Yias sem o preparo necessário e fica muito claro isso pois estão sempre na “balança” hora se destacam, hora estão na lama, a falta da bagagem Religiosa, de tempo de aprendizado no Ile do Baba ou Yia , traça um caminho em suas vidas que de forma alguma é linear, muitos desses compraram seu Asé em aprontes Express. Antigamente era diferente e pouco se ouvia falar em “Governo” , só obtinha a liberdade parcial quem passou anos ao lado do seu Baba no aprendizado religioso e realmente se destacou como Religioso pela sua fé, dedicação, merecimento e seu conhecimento adquirido e mesmo assim o Baba acompanhava as obrigações desse filho, o filho ia fazer uma obrigação para seu Orixá e o seu Baba estava ao lado, as vezes o Filho já tinha a liberdade de se borir sozinho, mas sob os olhos de seu baba, portanto não tinha autonomia total, tinha sim que prestar contas ao seu Baba de seus atos e hoje esta servindo mais para o Filho dispensar o Pai de santo e não ter que dar satisfação a ninguém de seus atos, acredito que assim perde-se a noção de família religiosa, que é a base da Religião dos Orixás. Pai ou Mãe de santo são para toda vida, e não somente enquanto vc esta com sua obrigação no Ilê deles, por isso que não vemos mais hoje a figura de uma pessoa antiga nos batuques, conhecemos os Pais e Mãe de santo de hoje só que ninguém sabe de onde eles vem, qual a raiz deles, em que bacia foram feitos, enfim e nem eles fazem questão de dizer , pois todos nós sabemos em que circunstancias, eles foram feitos, por isso sempre desconfio do tal governo. A importância da figura do Pai ou Mãe de santo no dia a dia e na porta do Peji nos dias de obrigações, caiu em desuso e com isso se criou o cargo de Padrinho da casa e renegam o seu asé de feitura. A importância da ancestralidade é fundamental, claro que à alguns casos de desacertos entre filhos e Pais, filhos esses que foram bem feitos e que tem bagagem Religiosa e mesmos afastados do Asé de origem continuam rezando sobre a mesma cartilha que aprenderam, não podemos generalizar de forma alguma, mas mesmo assim não se pode renegar as raízes Religiosas. Governo só se obtém após a morte do Baba ou Yia e se tiver orumalé completo com os devidos Axés de Obè e Ifa e se o individuo é cavalo de santo o Axé de fala.






Provérbio africano:
"Quando não souberes para onde ir, olha para trás e saiba pelo menos de onde vens."

"o sangue e a ancestralidade não há como negar, não há como recuar, não há como recusar , nos eleva e identifica"





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